Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue foi o primeiro Presidente da República Portuguesa, cargo que exerceu entre 1911 e 1915.

Nasceu na cidade da Horta, filho de membros da aristocracia açoriana. Na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito, cedo manifestou simpatia pelos ideais republicanos, o que provocou um conflito insanável com o pai, que o deserdou, deixando de lhe custear os estudos. Para sobreviver e pagar a Faculdade tem então de dar aulas de Inglês.

Em 1866, no mesmo ano em que conclui o curso, abre escritório de advogado em Lisboa, onde passa a residir, e assume também o lugar de professor de inglês no Liceu de Lisboa, cargo que acaba por perder quando recusa ser professor do príncipe D. Carlos e do infante D. Afonso.

Na defesa dos ideais republicanos intervém desde muito cedo na vida política e cultural do país. Após a Revolução de 5 de outubro de 1910, foi Reitor da Universidade de Coimbra, Procurador-Geral da República e Deputado à Assembleia Nacional Constituinte. Em 1911 é eleito Presidente da República Portuguesa. O seu mandato foi marcado por uma forte instabilidade, sendo obrigado a resignar em 1915.

Casou com Lucrécia de Brito Furtado de Melo, neta do superintendente da Guarda Real da Polícia do Porto, partidário das forças liberais. Teve seis filhos. Maria Cristina, a mais velha, viria a ser poetisa e a ela se refere Vitorino Nemésio em “Mau Tempo no Canal”. Outros dois filhos distinguiram-se igualmente: José, como historiador; e Sebastião, como engenheiro agrónomo.

Em família, tinha o costume de passar as férias de Verão em Buarcos. Manuel de Arriaga e a mulher adoravam o mar, as crianças e as flores. A última casa em que viveram situava-se em Lisboa, perto da Rua das Janelas Verdes, precisamente para verem os barcos no Tejo.

Após o abandono das funções públicas, em 1915, Manuel de Arriaga dedica-se à redacção das suas memórias, falecendo dois anos mais tarde, com 76 anos.